quinta-feira, 29 de maio de 2014

Atirar primeiro

Acabou de acontecer na timeline. No horóscopo de hoje a Barbara Abramo dizia que a Lua Nova em Gêmeos sinaliza fortalecimento das oposições ao governo Dilma nos próximos dias.

A turma que não costuma ler o horóscopo diariamente estranhou. E começou a achincalhar. Mídia golpista. Olha lá. Tá vendo. #FolhaMente.

Passado fiquei eu com tudo isso. Calma caras. Ela sempre publica coisas nessa linha. Mas a galera do deboche que não acompanha as previsões preferiu julgar. 

É que eu sou um entusiasta, um curioso da astrologia e de vez em quando tento entender um pouquinho dessas coisas.

Sei que tem planetas que regem o governo, assim como tem planeta que rege as comunicações, as brigas e etc. A afirmação das oposições fortalecidas deve ter vindo daí.

Foi igual a Tati Bernardi, quando o texto sobre as profissões que mais comem mulher virou ~polêmica. Ninguém nunca tinha lido um texto dela antes aparentemente. E já fazia alguns meses que ela tava escrevendo na Folha.

Daí claro, a patrulha aumentou. E cada linha deselegante que Tati escreveu foi parar na boca de Matilde ou no mural dela no Facebook.

Até o Jairo Marques foi alvo esses dias quando publicou o texto do namorado da Miss Bumbum. Ele sempre chamou deficientes de malacabados. Mas nossa foi uma avalanche de gente falando mal.

Sei lá, a Folha tá longe de ser santa. Tem seus defeitos e suas qualidades como qualquer veículo ou qualquer um de nós aqui, na vida real.

Mas esses linchamentos todos, virtuais ou não, são bastante preocupantes. A vida está valendo pouco. O respeito está valendo menos ainda. A educação também não importa.

Só o que importa é ter razão. Só o que importa é estar certo. E mostrar isso por meio da força. É muito mais fácil atirar primeiro. Não é isso que tem rolado nos protestos da vida?

Não é assim que se extermina a população jovem e negra na periferia? Não é essa a postura da polícia que a gente sempre critica?

E não é que de repente estamos fazendo exatamente igual. No calor do momento você não diferencia ninguém e atira até em velhinha.

Não sei se tem como resolver isso, mas acho que um bom começo é apontar o fato e de repente se permitir dar risada. Julgar menos.

Agir menos com a cabeça quente. Talvez esses tumblrs bem humorados (como o Só no Brazil e o Com o PT hoje é melhor) que têm surgido esses dias sejam uma boa resposta  a isso tudo.

Dessa onda ranzinza que domina a internet de que tudo que é ruim só existe no Brasil e de que os petralhas estão construindo uma ditadura comunista. Por deus.

Talvez a solução seja mesmo dançar um tango argentino. Tanta informação. Nunca estivemos tão desinformados.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Balanceamento

Eu me fodi. Mas quem é que não anda se fodendo hoje em dia?

Eu me irritei. Mas quem é que não anda se irritando hoje em dia?

Era para ser um dia de folga e descanso, mas foi uma noite mal dormida, cheia de dor de ouvido. Eu sou o rei da otite pelo visto.

Todo ano, com exceção de 2013, numa mesma época, eu fico meio gripado, funguento e ganho uma bela infecção devido a catarro que gruda no tímpano eu acho.

Dessa vez tudo veio mais cedo. A saúde é uma coisa que não anda boa neste 2014. E a folga virou uma ida ao médico interrompida por uma greve de ônibus.

Eu poderia ser até personagem de jornal se não tivesse trabalhando em um. Risos.

Com tudo parado fiquei com medo de pegar o metrô cheio. E pegar o metrô e voltar pra casa e continuar com a dor de ouvido. Andei do viaduto Alcântara Machado até a Itamaracá, onde peguei a lotação para ir ao Cema.

No caminho encontrei a Patty e a Vanessa, que já foi da Folha. Chegar ao Cema pelo Tatuapé não era tão demorado afinal de contas. A consulta não demorou quase nada. Quase certeza que o médico era gay.

Vai ver por isso ele me receitou remédios tão caros. E a gente vai ter que passar mais uma quinzena no osso. Na volta ainda comprei figurinhas porque aparentemente #vaitercopasim

Fiquei pensando no sentido disso tudo. Deve ser pra balancear. Explico. Semana passada quase tudo deu certo. Umas compras que eu fiz, chegaram.

O cabo do adaptador de HDMI para Iphone e três livros (um que estava esgotado, e dois que tudo indica que nunca chegariam). A maré de sorte tava tão boa que eu estava esperando uma coisa dar errado.

Na sexta, por problemas de esquecimentos de documentos eu não pude entregar meu exame de urina 24h. E pior do que fazer esse exame, é ter que refazê-lo.

Mas é a vida. Esses dias não estão fáceis. Daqui até o final do ano a coisa degringola. Todo mundo se fodendo, todo mundo se irritando e a gente vai levando.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Metaforicamente

Eu poderia começar esse texto dizendo que eu queria ter mais tempo. Mas eu ando chegando à conclusão de que na medida do possível tenho feito do meu tempo aquilo que eu gostaria.

Médio. Ainda falta muito. O que eu tenho vontade de fazer? Mais. Bem mais.

Há um tempo que venho pensando numa frase/meme que rolou na timelaje. "You have as many hours in a day as Beyoncé". Você tem tantas horas num dia como a Beyoncé.

É isso.

A gente reclama, chora, sofre, lamenta. Fica de mimimi. E se deixa abater pela imposição da rotina.

Já se passaram seis meses desse ano. O que eu tenho vontade de fazer? Mais. Bem mais.

Eu sonho com o meu nomezinho no meio literário e minha capa da Ilustrada após meu primeiro Jabuti, mas não tenho escrito uma linha do romance que marcará minha geração e minha brilhante carreira literária.

Eu quero perder barriga, pra sempre, mas deixei de ir muitos dias no primeiro mês da academia. Pelo menos isso eu tô tentando arrumar.

Resolvi adotar uma nova rotina e dar um tempo no Facebook. Deletei o aplicativo do iPhone, pra não perder mais tempo "me atualizando".

Quase nada de importante, relevante e especial nos murais alheios mesmo. Tem funcionado.

Adotei há alguns dias essa frase da Beyoncé como motivacional. E tenho me perguntado diante de algumas situações: o que Beyoncé faria? Achei que era uma boa metáfora.

Penso que certamente ela não ficaria de chororô nessa vida. E sim. Ela é incrível, talentosa, rica. Tem facilidades que nós mortais não temos.

Mas o foco não é bem esse certo? É sobre otimizar nosso tempo fazendo nossa vida melhor, certo?

Vamos seguir o passo desta maravilha. É uma tentativa de fazer cada horinha do dia valer a pena. Cuidar da saúde. Da mente e do corpo. Fazer meus projetos engrenarem e investir a energia no que importa.

Acho que esse pode ser o segredo do sucesso. Uma certa dose de maravilhosidade, um pouco de suor, sacrifício e foco. Acho que é isso. Vou lá. Ficar rica, linda e magra, igualzinho minha nova musa inspiradora. Mesmo que seja metaforicamente.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Mais estranha que a ficção

Tá tudo meio estranho. Parece que o mundo está meio fora do eixo. Mataram a mulher. Todos preocupados com as coisas erradas, ao contrário.

Esses dias eu li uma entrevista do Marcello Novaes para a "Revista da TV" d'"O Globo" por causa do final "Além do Horizonte". Lá ele falava sobre as mudanças de seu personagem ao longo da novela.

Em seu primeiro vilão logo após o Max de "Avenida Brasil", Novaes disse ter composto um personagem mais contido, menos expansivo, sem tantos gestos e trejeitos.

Por conta da classificação etária alguns ajustes tiveram que ser feitos no tal vilão. Ele não poderia usar armas e falar palavrão. Muda de canal.

"Cidade Alerta". Um policial civil matou a namorada no meio da rua. Ele algemou a menina durante uma discussão. Algumas pessoas tentaram intervir, mas ele ameaçava quem chegava com a arma.

Ele atirou na cabeça da moça. Bang. E depois atirou em si. Seis horas da tarde. E mesmo embaçada a imagem era exibida à exaustão pelo "jornalístico". Tá certo?

Fiquei mal, não tive estomago pra continuar vendo o programa esse dia. Porra. De vez em quando preciso acompanhar o "Cidade Alerta" por causa de trabalho. Mas a pauta esse dia não era necessária.

E fiquei pensando se não tem algo muito errado nesse programa ir ao ar essa hora e a novela ter que se adequar pra entrar na classificação x do ministério y. Quem regula isso?

O Gabriel me veio com umas histórias de bandidos fugindo e tomando tiros como se tivesse acontecido no meu bairro, na minha rua, com a irmã dele. Um papo típico de quem assiste esse tipo de programa.

Não me pareceu muito apropriado. Falta ainda amadurecimento pra ele separar o que ele vê na TV com o que acontece do lado de cá da tela.

Uma novela é muito mais atrativa pra uma criança do que um noticiário. Mas há gente que não liga muito pro que é ou não apropriado que as crianças assistam.

Há muito tempo que quadrinhos da turma da Mônica não exibem armas, tipo revólver, em suas páginas. Em desenhos antigos o Pernalonga tomava vários tiros do Eufrazino e se vestia de mulher.

Eu tive uma ou duas arminhas d'água meio clandestinas quando era criança. Minha mãe não achava que arma era brinquedo pra criança. Eu cresci e agora sou mulher tô aqui. Sem traumas e danos.

Tá rolando uma onda politicamente correta falsa e hipócrita? Por que a novela não pode e o "Cidade Alerta" pode?

A novela pelo meno não visa exclusivamente a audiência e o programa usa e abusa de determinadas técnicas a fim de aumentá-la. Os últimos recursos são uns bonecos animados estilo Dollynho de um camburão e da repórter gordinha.

Isso sem falar da repetição infinita das mesmas cenas que acabam gerando um clima de paranoia coletiva em relação a violência urbana entre a classes C e D que já vivem nas perifas nada seguras do país.

Como dosar isso quando um policial mata a namorada e depois se mata em horário nobre? Como dosar isso quando a realidade é mais estranha e bizarra que a ficção?

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Dicas para uma boa Parada Gay

Todo ano é a mesma coisa. Todo ano tem Parada Gay.

Todo ano eu me envergonho. De vocês. Que não aprendem. Nem com os próprios erros, nem com o dos outros.

Olha. Ahpaputaquepariu vocês.

Vamos começar do começo. A Parada is suposed to be um dia de festa, de celebração, de alegria e felicidade.

É pra se jogar, dar pinta, tirar a camisa. Beijar, protestar e o que mais o tempo a imaginação e os cantinhos permitirem :).

Só que a Parada é um evento de multidão. Não é uma festa seleta para você e sua meia dúzia de amigos. E isso pode ser complicado além de gerar problemas.

Pensando nisso e na minha experiência de anos de Parada e no próprio manual desenvolvido pela APOGBT desenvolvi umas dicas aqui pra vocês.
  
Obrigado, de nada.


1. Não leve celular. Olha. Guarde a vontade incontrolável de tirar selfies over selfies em casa e vá sem o seu iPhone. Se deusolivre você sofrer uma tentativa de furto, você pode ficar tranquilo porque seu telefone estará em segurança. Ficar sem celular é ruim, eu sei. Mas são só algumas horas. Você não vai morrer por isso. De repente é até bom o detox e quem sabe você não diminui o uso e a importância do aparelhinho na sua vida. Também não precisa ficar caçando no Grindr. A parada é o Grindr da vida real. Alooocka.

2. Chegue cedo. Vale super a pena. A concentração é uma das horas mais divertidas da Parada. Começa as 10h, mas chegar por volta das 11h está de bom tamanho. É tudo mais tranquilo. Não tem tanta música nem tanta gente alcoolizada. Dá pra curtir, tirar aquelas fotos com as drags que eu sei que vocês amam. Dá tempo de comer um lanche (não muito pesado). E se começar a muvucar, é só vazar. Sem peso na consciência e sem grandes traumas.

3. Seja prático. Já que você estará sem o celular, seja prático e objetivo. Marque com seus amigos em um único lugar. E evitem chegar atrasados. Aqui vale um parênteses de focar em no máximo 6 amigos. Eu sou chato. Tenho preguiça de pessoas e não gosto de viver em sociedade. Se você vai de excursão numa parada você perde um grande tempo esperando pessoas. Isso já aconteceu comigo. E não me deixa nem um pouco feliz. Imagina. 40 pessoas dum mesmo grupo. Um briga com o namorado, outro precisa ir no banheiro, outra arruma uma namorada, faltam cinco pessoas pra chegar e cada uma delas vem com um amigo e um amigo de um amigo que está chegando. Puta que pariu. Próprio inferno na terra isso. Se joga na Paulista e vai ser feliz.

4. Vá de metrô que é mais prático, rápido e barato. Carregue a porra do seu bilhete único. Ou tenha uns passes reservas para a volta. E leve dinheiro trocado. Lembre-se que os ambulantes não aceitam cartão. E trocar 20, 50 dilmas pode dar um trabalho do caralho, fora que o tiozinho pode dar o troco pra alguém errado, alguém roubar você e etc. E já que falamos em ambulantes o próximo item é:

5. Não beba. Quer dizer. Beba. Mas não beba aquela porcaria daquele vinho nojento. Mesmo que você tenha 17 anos. Vai por mim. Você não precisa passar por isso. Eu já estive lá. Vá de cerveja. Tenta ir de vodka. Sakê quase não tem gosto e deixa bêbado. É mais caro, mas sobe mais rápido e é menos feio. Ficar com a boca roxa nesses eventos é tão mais tão nojento que só agradecendo muito ao universo caso alguém beije você. Fora que essa merda desse vinho faz babar. Não tem um filho da puta que não bebe essa porcaria que não fica também com a roupa manchada daquela coisa roxa química.

6. Por fim a última mas não menos importante das dicas é: divirta-se!