domingo, 9 de junho de 2013

Quando o vô morre - parte II

Era pra ter sido um sábado qualquer. Eu enfrentaria, junto com a mágoa de um plantão as consequências de uma noite na gandaia.

Eu estava naquele passa mal típica da ressaca juntando forças pra encarar o dia e ajudar minha vó com a feira para depois ir trabalhar. Quando o celular tocou e era ela. Falando que o vô tinha passado mal no Tiquatira pra eu ir até lá encontrá-la.

Quando desci pra tentar pegar o taxi, nada. Foram mais duas ligações. Uma para falar que a chave de casa estava na vizinha. A outra pra falar que o vô tinha morrido. A vó Conceição estava tão desesperada que eu nem consegui acreditar. Ela mei que já tinha matado o vô no ano passado, quando ele ficou internado.

Fiquei esperando meu irmão chegar em casa para irmos até o hospital onde tivemos a confirmação. Não era desespero. Quando a vó chegou no Tiquatira, o vô já tinha morrido. Parada cardíaca. Infarto fulminante. 

Morreu fazendo caminhada que tanto gostava num lugar que gostava e de um jeito que queria, antes da minha vó, sem ter que ir pra hospital e "dar trabalho" pra família.

Antes de morrer ele fez tudo como fez nos outros dias. Levantou. Tomou café com a vó e foi andar na pista. Um dia antes Raíra e eu conversamos sobre o homem assassinado no Mc Donalds. Da importância de viver cada dia como se fosse o último.

Diz que momentos antes de cair para a frente do banco onde estava sentado ele disse que dessa vida a gente não leva nada.

Na sexta-feira, quando estava tirando as compras do mercado do carro da vó ele queria ajudar e eu não deixei. E ele falou que eu era chato. Sou mesmo e isso eu aprendi com ele. Se vocês me acham metódico e sistemático é porque não conheceram ele.

A última coisa que eu falei pra ele foi "tchau vozão, até amanhã". Mal sabia eu que não nos veríamos mais. :'( 

O amanhã às vezes não chega. E nós que às vezes fazemos tantos planos não temos controle sobre nada.

Um comentário:

Anônimo disse...

Hello. And Bye.