quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Polêmicas

Existe um ditado que diz que se a palavra é de prata o silêncio é de ouro. Em tempos de hipermediatização da vida ele deveria ser mais relembrado. Semana passada eu li esse texto que comparava todo o barulho na internet ao zum-zum-zum de uma praça de alimentação de shopping.

Não teria como ser mais cabível. Passar horas na frente do computador e sendo bombardeado de informação e navegando na internet abastecendo um site de notícias resulta em uma grande dor de cabeça e estafa.É difícil aguentar a gritaria virtual.

Todo mundo, a todo instante tem sempre opinião sobre tudo. Eu odeio formar conceitos rápidos assim sobre coisas efêmeras. Eu prefiro ficar neutro. Calado, na minha. Opiniar sempre acaba ofendendo alguém, porque não existe mais aquela discordância arte, aquela discordância moleque com gingado e pé sujo de lama.

Parece existir na constituição federal da internet a regra de que você deve dar pitaco sobre todos os assuntos em voga. Não há mais espaço para o calma, cara de outrora. Os ânimos, eles estão sempre exaltados.Em ebulição. Não dá mais para contemplar as pequenas coisas. É preciso escolher um lado no qual se deve ficar para sempre.

Eu passo. Sinto falta da contemplação. No final do ano passado saíram CDs de Lady Gaga, Britney Spears, Katy Perry. Um CD foi colocado no pedestal e atirado na lixeira logo depois do outro. Ouvi poucas vezes os três. Não sei dizer qual é o melhor.

De cara talvez eu tenha gostado bem da Katy Perry, mas Lady Gaga tem lá o seu valor. Britney eu lembro que não achei tão fraco quanto muitos criticaram, mas também não achei tudo isso de tão incrível. Música para mim é algo para curtir. Não para transformar em Fla-Flu. Nesse sentido o prêmio de melhor CD de uma diva pop lançado em 2013 vai para... Luan Santana.

É o que tem. Das minhas experiências boas e ruins ouvindo as músicas e compartilhando e vivendo momentos especiais  "O Nosso Tempo é Hoje", foi o que mais me marcou até aqui. Vai que amanhã eu vá a uma balada e garre um amor imenso a Gaga Perry ou Katy Lady quando estiver bêbado dançando louca.

Na semana passada a polêmica girou em torno de um grupo que amarrou um jovem negro a um poste no Rio de Janeiro e o comentário da Rachel Sheherazade sobre a atitude. Juro que não sei o que pensar, que opinião formar. Está tudo tão errado nesse mundo. É tanto problema para resolver e tão pouco sendo feito.

De um lado não parece nada apropriado amarrar alguém pelado a um poste. De outro lado também não é uma coisa legal sofrer um assalto, ser vítima de violência, estupro, ter algo roubado, se ver diante de um revolver. É um horror pra falar a verdade. De todos os lados a barbárie.

Não dá pra simplesmente vocês todos pararem de se matar?

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

A Caçada

D'us sabe o quanto eu odeio lagartixas. Simplesmente não sou capaz de conviver com esses bichos.

É um medo pavor adquirido inconscientemente na infância por influências externas. Não tem como controlar.

Pois bem. Há duas semanas eu estava pronto para encarar um plantão. Acordei de madrugada e enquanto mijava uma lagartixa imensa sai de baixo do armário e volta.

Fiquei em pânico, mas precisava tomar banho então fiz um trato. Fica na sua que eu fico na minha. Tomei um banho gelado e rápido e fui me trocar na sala.

Ao voltar, porque afinal de contas eu precisava escovar os dentes, ela estava na parede, dentro do box do chuveiro. Não pensei duas vezes e taquei detefon no monstro.

Ela se enfiou atrás da prateleirinha onde ficam os shampoos. Foi meia lata de mata moscas ali.

Fechei o banheiro enevoado de detefon e fui terminar de pegar roupas no quarto para levar para a academia.

Quando cheguei de novo pra cozinha ela já estava ali. Debaixo da porta do banheiro. Ao me ver a filha da puta disparou e foi parar debaixo do armario da cozinha. Maldita. Mais detefon.

Batalha perdida. Saí de casa no meu horário. Tranquei a lagartixa na casa fechada sem ventilação nenhuma, sem umidade. Mas ela me acompanhou. Não saia dos meus pensamentos.

Chegar em casa e terminar de lidar com a questão me deixou tenso, me assustava com qualquer coisinha. Até com um borrachinha do box do banheiro da academia eu congelei.

Quando cheguei em casa, eu tinha certeza que ela estaria em um lugar bem visível para a gente continuar a nossa caçada.

E de propósito como se estivese a fim de me atormentar, lá estava ela no chão. Perto da porta. Me esperando. Inerte. Esbaforida. Fraca. Desidratada. Morta.

Tomei coragem para entrar em casa. Lidar com um cadaver seria mais fácil. Era só me livrar dos medinhos e dos nojinhos, pegar uma vassoura, uma pazinha e pronto. Só que a demonia não estava morta.

Quando a porta bateu atrás de mim, a lagartixa deu um pulo para frente no mesmo instante em que meu coração veio até a boca e voltou para o centro do peito.

Não pensei duas vezes. Agora você sai daqui. Peguei a vassoura e tentei tocar a fia para fora. Mas como a vida não pode ser simples e fácil ela foi para a sala. Atrás do sofá.

Nunca mais eu vi a bicha. Me desesperei. Tirei todos os sofás dos seus respectivos lugares a mesinha de centro foi para cima da minha cama. Sala virou uma zona de guerra.

Balancei as cortinas. Espirrei mais detefon por toda a extensão atras do sofá. Munido com uma vassoura eu nem sei como mas consegui até levantar o sofá maior e mais pesado. Nada da lagartixa que se camuflou em algum lugar.

Posterguei meus planos. Não li. Não comi. Não liguei a TV. Lagartixas são conhecidas por darem as caras em momentos de silêncio. Quando não se sentem ameaçadas. 

Fiquei um tempo em silêncio então até que ela apareceu. No chão novamente. Do lado de uma mesinha de telefone ao sul do sofá.

Tentei acertá-la com a vassoura. Porque a essas alturas ela já estava aparentemente fraca. Tentei empurrá-la para fora. Mostrar que ela não era bem vinda quando ela deu uma cambalhota em 180º e saiu em disparada na direção oposta.

Daí quem se desesperou fui eu. Ela estava correndo em direção ao meu armário e à minha cama. Seria muito mais dificil tirá-la de casa se ela tivesse conseguido.

No meio do caminho invoquei forças divinas e entendi Davi. Pelo amor de Deus. Zap. Com um golpe de vassoura eu acertei meu nemesis. Seu rabo se separou de seu corpo. E ela presa tentava se soltar. Enquanto sua cauda pulava e tremelicava como se fosse um celular em vibracall eu apertei a vassoura contra ela e a arrastei para fora de casa.

Foi uma morte horrível. Ter sido arrastada por um algoz. A cabeça ficou ralada. Gosminhs marcaram o caminho da dor e do suplício da desgraçada.

Mas não era esse o fim que eu queria. Pra começo de conversa não era nem para ela ter invadido o banheiro. Não era nem pra ela chegar perto de mim.

Não que sirva de consolo, mas ao menos o funeral dela foi bonito. Não cheguei a enterrá-la porque era demais. Não gostava dela viva, não ia virar fã depois de ela ter morrido. 

Arrastei ela até o cantinho do quintal onde ficam as sujeiras antes de irem para o lixo. Ainda tive que dar golpes de misericórdia para ela parar de agonizar. E ela foi coberta por poeiras e pétalas de rosas.

Só que o fantasma da lagartixa tem me perseguido. Desde aquele sábado que eu fico pensando na vida e na finitude, nas circunstancias e nas ocasiões, nas coincidências e no carma.

Eu realmente não queria que acabasse assim.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

O chato do rolê

Toda vez que eu tô pra começar a fazer academia ou estou deixando o sedentarismo de lado para enfim me dedicar a fazer exercícios físicos eu me deparo com histórias assim.

É impressionante. Esses personagens perdem 60 kg em um ano. Eu mal consigo perder 1 kg em um mês. E tudo começa com exercícios, tipo corrida, que é o que eu faço.

Só que não basta só correr. É preciso fechar a boca e cortar comidas gostosas, frituras e doces da dieta. Pelo menos nesse quesito eu consegui abandonar refrigerante e Mc Donald's já.

Só que esses feitos não aconteceram sem uma boa dose de radicalismo. É preciso ir a um bar e não beber. Não comer nenhum salgado aperitivo. Às vezes é preciso cortar amizades. Mudar de círculo social ou ser muito forte para resistir às tentações e aguentar algumas piadas.

Isso sem falar nas substituições, fruta no lugar de doce até é possível. Mas e a batalha contra o chocolate? Fruta nenhuma vai substituir essa maravilha. Em etapas anteriores de dieta e exercícios eu conseguia ficar sem chocolate por até duas semanas, numa espécie de desafio.

Olhando agora eu não sei como isso era possível. Não sei se estou pronto para isso. Tento me enganar que dá para comer de tudo com parcimônia. Mas qual é o limite? E como lidar com a fome? E eis a minha preocupação maior: como emagrecer sem perder a ternura? Como não ser o chato do rolê?

Comer, mais do que uma necessidade, é um gosto, um hábito social. Você está de dieta ou tentando entrar numa reeducação alimentar. Tentando se acostumar com o queijo branco no lugar do queijo prato e aí alguém na firma faz aniversário e rola um bolo. Só você vai fazer o mal educado e não comer nem um pedacinho?

E vó então. Elas são programadas para nos fazer comer. Sempre oferecendo comidas e sobremesas infinitas. E não dá para fazer desfeita. Até porque é feio. E elas ficam chateadas.

Há prazeres inenarráveis que só a gastronomia pode proporcionar. Seja ela alta ou baixa. Comer faz bem, alegra. Além disso, dividir esses momentos com pessoas queridas torna tudo mais gostoso.

Emagrecer ou manter um peso ideal e uma vida saudável é uma luta diária, constante e muitas vezes inglória. Principalmente quando a gente começa isso tarde. Vejo todos esses meninos gatos e definidinhos no instagram e só consigo ver que eles começaram antes de mim. Eles têm a vantagem então podem comer um hamburguer do Fifties ou pizza sem culpa na consciência.

Então a gente tenta não entrar numa briga contra a balança e não ficar noiado contando calorias ao final de cada sessão de corrida ou depois de uma comida incrivelmente gordurenta. E a gente enfrenta a esteira numa luta louca pra correr atrás do nosso próprio atraso.

O bom é que quando o exercício acaba tá tudo lindo. A endorfina vem. Mas isso demora e vamos ser sinceros: por mais que correr seja muito legal, esteira muitas vezes é um pé nas bolas. O tempo parece que não passa. O bom é que depois de uns três meses já dá pra notar um ligeiro emagrecimento. E três meses nem demoram tanto tempo assim, vai.