quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Não dá pra ficar em cima do muro

Em dois mil e dez eu estava tão intoxicado por discussões políticas que eu me afastei de todo o processo e qualquer tipo de entrevero do tipo.

Aproveitei o desemprego pra me isolar em Caraguá e lá fugi das minhas obrigações civis.

Antes disso, tinha sido muitas e muitas madrugadas conversando e também discutindo política com o Marcelo de um jeito que tinha me cansado como nada antes na vida.

Eu vim de um processo em que vi Lula fazendo pouco pelos gays. Eu queria mais.

A campanha daquele ano tinha sido cheia dos elementos e por muitas vezes os evangélicos fundamentalistas pautaram o debate.

Secretamente e silenciosamente eu torcia um pouco pela Dilma, mas não quis dar meu voto para ela. Me ausentei da responsabilidade. Fiquei alheio àquele resultado.

Quatro anos se passaram e o contexto agora é outro. Vi até alguns amigos pregando o voto nulo e o voto branco e me segurei.

Até por questões profissionais eu continuo não me envolvendo em discussões políticas. Mas tem algumas coisas que não dá pra deixar de falar.

Neste ano, muitos dos discursos que têm dominado as redes sociais estão impregnados de um ódio amedrontador.

E eu como um amante da análise do discurso não podia deixar de perceber algumas tendências.

De um lado está a figura de um Brasil. Um discurso nacionalista até por vezes exagerado. Territórios são apenas pedaços de terras.

Diferenças e conflitos à parte entre os vários povos da humanidade, no fundo todos somos membros de uma única espécie.

E é do fundo que eu queria falar. Esses dias estava lendo textos e vendo argumentos tanto de pró-dilmas quanto pró-aecios.

"Precisamos dar um up na economia", disse alguém. Daí eu li esse texto.

E não pude deixar de pensar que com tudo que dinheiro tem de bom e também de ruim, apesar de vivermos sob esse sistema monetário, no fundo, no fundo dinheiro é só papel.

Tô falando de questões mais transcedentais. De que quando a gente morre nosso corpo vira pó. Tô falando de questões mais naturais. Da transformação da carne em energia.

Do consumo desenfreado que uma hora vai ter que ser regulado. E digo em termos mundiais, sem ser especialista em nada. Precisa-se viver com menos bens materiais.

Há todo um grupo de pessoas diretas ou indiretamente ligadas ao meu sistema solar redefinindo a vida. Refazendo escolhas, mudando de área e atuações profissionais.

Por onde passa a felicidade diante de tudo isso? Eu quero que todos tenham mais oportunidades na vida.

E diante de todos esses questionamentos e observações não dá pra deixar de dizer que male male a economia vai indo.

Nunca foi boa, mas já esteve pior. Tem pouca gente com muito dinheiro. Tem muito mais gente com pouco dinheiro ou quase nada.

A questão não é apenas a economia crescer. É a igualdade cair. Diferente de 2010 eu tenho uma escolha a fazer. Não dá pra ficar em cima do muro.

Nenhum comentário: