terça-feira, 22 de julho de 2014

A festa das festas

No começo parecia que seria incrível. Tinha tudo pra ser muito incrível. Ficamos um tempo planejando ela. E as coisas nunca pareciam estar prontas.

E de repente algo lá fora e aqui dentro aconteceu. Tava faltando dinheiro pra estudar, crescer, investir em outros sonhos e interesses. Muita grana pra algo que dura tão pouco.

Uma azia se abateu. Dias antes do regabofe, uma tensão, um mau-humor. A gente estava bem brochado.

Fazer aniversário é também ficar mais velho ao mesmo tempo que o passado está ali, esperando pra ser analisado, esmiuçado. E nosso modus operandi não é dos melhores.

Daí os convidados começaram a chegar e a festa começou a ficar incrível. Vamos gozar deste momento maravilhoso. Vamos aproveitar.

Só foi permitido se divertir. Viver o presente. Ferver. Deixar um pouco as responsabilidades de lado. Esquecer que o mundo existe e que acontecem coisas nele.

Demos tanta risadas. Há tempos não nos divertíamos assim. Convidados beberam, brindaram, dançaram. A música estava ótima. A interação também.

Teve gente que ajudou a dar um jeito na casa. Teve gente que se comportou mal. Até a polícia invejosa apareceu pra tentar acabar com a farra.

No geral, foi ótimo. E as coisas foram melhorando na festa das festas. A esperança de pegar alguém. Aquele alguém.

Aquela ilusão de conseguir segurar aquele bofe. Aquele amor que só surge a cada quatro anos.

Achando que mesmo sendo nosso aniversário a gente ia conseguir uma conquista amorosa com um xaveco furado.

E vimos se desmanchar no ar a vontade de abraçar, levantar e beijar aquela coisa fálica chamada taça.

Daí deu ruim, né. A ressaca veio antes do fim. Tivemos que sair de cena. Se retirar. Faltou luz. Desculpa, galera, mas bebi demais.

Me machuquei. Dei um mau jeito na coluna. Não aguentei. Dei bafão. Dormi na mesa. Fui retirado, carregado.

Não sei como, mas consegui dormir com a barulheira em casa. Tava precisando.

Como terminou eu não sei direito. Parecia que um vizinho ia levar, mas poucos estavam torcendo muito por ele.

No final foi um cara que tava ali, sentadinho e quietinho sem nem chamar tanto a atenção que fez toda a diferença.

Do que eu me lembro, foi ótimo. Cair e passar mal assim faz parte da vida. Por mim eu fazia outra festa dessas.

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