Eu tive pensando um tempo sobre crescer. E sobre as coisas que fazemos quando somos crianças e que deixamos de fazer quando ficamos mais velhos.
Então, acho que foi na mesma época mais ou menos, a Magê recebeu uns vasinhos com sementes de chia. E a Teka surgiu na redação com uma planta.
E eu acabei lembrando da experiência de plantar feijão num algodão. Uma coisa tão divertida e que eu talvez tenha feito apenas uma vez na vida.
O quanto isso é injusto? Muito. Talvez. A gente passa a vida cumprindo obrigações e fazendo coisas sem graça. Vamos pensar em coisas que nos dê algum prazer.
Cuidar de algo ou alguém é mágico. Ver o feijão brotar foi uma experiência curiosa. Até para medir e sentir como estamos ansiosos.
Enquanto o feijão era só um feijão dava uma certa agonia vê-lo ali no copinho sobre um punhado de papel.
Sim, usei papel, porque a Teka leu em algum lugar que fiapos do algodão grudam na planta e guardanapo era melhor.
Mas em cerca de uma semana ele começou a brotar. E foi engraçado. Ele quase foi pro lixo com os copos sujos de um jogo da Copa. Obrigado a tia Leila que salvou meu filhotinho. E até de inveja ele foi alvo.
Teve gente que até falou que meu feijão estava demorando pra brotar. Aí a agonia passou.
Pra que tudo tem que ser rápido e imediato? Deixa o celular apitar. Mania da humanidade querer saber mais que a natureza.
A tia Lorilei até disse que falou pra Adriana plantar um feijão no copinho e ver ele nascer quando ela estivesse muito nervosa ou estressada. Coisas da vida.
Até aprendemos algumas coisas sobre a vida. O feijão no meu copo brotou e cresceu mais rápido do que os do Gabriel. O zoião quis fazer o dele com dois.
Foi como se uma disputa tivesse acontecido. Ambos disputando os nutrientes. Uma verdadeira batalha por espaço e pela vida. Um teve que ceder. Um teve que abdicar para que o outro continuasse a existir.
E agora precisamos aprender sobre tempo de exposição do feijão no sol e sobre o transplante. Porque algumas horinhas no sol deixam as folhas amarelas, quase queimadas como se o pézinho fosse morrer. E em algum momento vou ter que passar a planta para um vasinho ou para o jardim.
Eu pensei que o feijão seria um bom projeto de audiovisual também. Filmar ou fotografar o desenvolvimento dele e depois editar um videozinho do processo tipo acelerando. Cheguei a tirar uma foto ou duas. Em fases distintas. Haveria desenhos de observação do feijão também.
Nada disso foi adiante. Demandava talento para desenhar, tempo, espaço virtual e um bom computador. Nada que eu disponha no momento. Vai ficar pro próximo feijão.
Porque agora eu tô nessas. Quero plantar um feijão branco e um feijão preto e fazer como o cara da biologia, com as ervilhas. Ver as diferentes características dos grãos e seus respectivos crescimentos.
Além do feijão eu tô plantando tomate cereja. O Henrique da Letícia disse que cresce fácil. E tem a chia e o pé de alface que eu tô torcendo pra vingar.
Queria que o Gabriel visse essa experiência, sem que fosse uma coisa da escola. Ele está crescendo e é engraçado pensar sobre isso.
A falta de consciência sobre o próprio crescimento. A formação da personalidade. Queria que ele pudesse ver a plantinha crescendo. E ele está meio que pirando nisso. Me ajuda a regar e tudo mais.
De dia das crianças ele quer um tablet. E eu teimo em querer dar um livro.
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